BERNADETTE:
perguntas-me (ela pergunta-me isso) e eu deveria sorrir e responder-te com
vaselina na voz.
ANNETTE:
não te pergunto nada (não te pergunto nada), uma pessoa pergunta-te se estás
bem e apanha com o processo de Nuremberga
BERNADETTE:
não me perguntam se estou bem (é raro perguntarem-me se estou bem) perguntam-me
onde é que eu a meti (a mamã) para o caso de eu me ter esquecido dela entre o
açúcar e a farinha
ANNETTE:
pergunto onde é que a meteste, tenho o direito de saber onde a meteste, no quarto,
no escritório, na entrada, uma prateleira, um armário (quero visualizar a mamã)
BERNADETTE:
fiz argamassa (argamassa) e tapei todos
os buracos de todas as paredes da casa (portanto ela está um pouco por toda a
parte)
Encenação│ Gonçalo Amorim
Tradução│ Regina Guimarães
Cenografia│ Rita Abreu
Adereços│ João Rosário
Desenho de Luz│ Nuno Meira
Sonoplastia│ Luís Aly
Figurinos│ Catarina Barros
Elenco│ Carla Miranda e Maria do Céu Ribeiro